A história por trás de bandas que respiram a rebeldia
Imagine a cultura como um grande iceberg. A parte que vemos brilhando ao sol, é a cultura mainstream, com seus hits nas rádios, novelas na TV e livros nas prateleiras das grandes livrarias. Mas, embaixo da superfície, nas profundezas geladas, existe um mundo inteiro: a cultura underground. Mas afinal, o que é “mainstream” e “underground”? O termo “underground” (do inglês, “subterrâneo”), é usado para descrever movimentos culturais, artísticos e musicais que operam fora do mainstream (do inglês, “convencional”).
A cultura underground era frequentemente marginalizada e não recebia reconhecimento da mídia e da indústria cultural predominante. Dessa forma, o termo "underground" surgiu para descrever esses movimentos e suas produções artísticas que estavam "fora do radar" da cultura mainstream.
Origens e Raízes
A música underground teve suas origens na década de 1960, durante o movimento de contracultura nos Estados Unidos da América (EUA). Naquele período, jovens artistas e músicos começaram a se desvincular das instituições tradicionais e a explorar formas alternativas de expressão.
Os hippies pregavam a paz, o amor e a liberdade. Questionavam a autoridade, promoviam a igualdade e buscavam uma conexão mais profunda com a natureza e a espiritualidade. Além disso, a década de 60 testemunhou movimentos pelos direitos civis dos negros (Black Power), gays (Gay Power) e igualdade de gênero (Women’s Lib). Jovens tomaram as ruas para contestar a sociedade vigente, buscando mudanças significativas.
Na música, bandas que estavam nas paradas de sucesso como The Beatles e The Rolling Stones, começaram a explorar novos sons e experimentações. O rock psicodélico, com suas letras enigmáticas e sonoridades peculiares, tornou-se um símbolo do movimento underground.
“Imagine todas as pessoas vivendo a vida em paz?” – Trecho da música “Imagine” de John Lennon.
Barata Branca é underground!
“Um grito de um indivíduo desesperado”. Essa é a definição que os integrantes da banda Barata Branca, de Campo Grande - MS, deram ao grupo. Capiberibe (baterista), Freitas (baixista), Gustavo (guitarrista) e Skeet (vocalista e guitarrista) são os integrantes da banda e que fazem este projeto acontecer.
Nascida em meados de 2020, a banda lançou seu primeiro álbum há pouco tempo. O álbum de estúdio intitulado “Cachorros” (2023), surgiu como uma expressão de liberdade e apresentou um cartão de visita para o grupo de rock alternativo de Campo Grande. “Estava me sentindo um cachorro na coleira, preso em meus próprios sentimentos, então precisava me libertar”, revela o vocalista e guitarrista, Skeet.
Para além disso, o Barata Branca carrega a essência do underground. Fora dos grandes centros urbanos e longe das músicas comerciais do mainstream, o grupo respira produções feitas com sinceridade, como define o baterista Capiberibe, “O underground é música feita de coração. Aquela que você toca no seu quarto com seus amigos, despretensiosos de qualquer ‘estouro’. Algo que sai de dentro de você e não de uma ideia de sucesso”.
Muitos apreciadores consideram que o movimento underground acabou com a chegada das redes sociais e a evolução da indústria cultural. Isso implica em uma grande questão que é levantada pelas comunidades de música alternativa: o underground está virando mainstream.
“A indústria cultural não é redutível a seu elemento econômico; ela exige o consumo e, portanto, a própria alienação que ela reproduz.” – Herbert Marcuse, A Ideologia da Sociedade Industrial (1964).
O rock não é “instagramável”
Para quem vive o movimento, a chegada das redes sociais implica o oposto. Agora, os artistas alternativos ganharam mais espaço na mídia para exporem seus trabalhos. “Antes, o underground era mais definido. Se você tinha espaço nas grandes mídias, automaticamente você era mainstream, porque o custo de se fazer um álbum e das pessoas comprarem seus discos era muito maior. Com a chegada das redes sociais, agora existe um espaço mais democrático”, comenta Skeet. Logo, com a integração dessas novas tecnologias, a quantidade de artistas da cena musical aumentou.
Porém, mesmo de “cara nova”, o underground continua com sua mesma essência: resistir à cultura comercial. Ao longo dos anos, o rock passou por diversas transformações. O ápice da música antimercado foi na década de 1990. Nirvana e Alice In Chains do “movimento grunge” e Rage Against The Machine do “rap metal”, foram algumas das bandas que tomaram para si o protagonismo do underground da época. Com riffs – progressão de acordes ou notas musicais – mais simples, calças rasgadas e letras agressivas, essas bandas surgiram com sons completamente diferentes do que era escutado na década de 1980. A corrente musical perdura até hoje, inspirando diversas gerações, o que colaborou para transformar o rock alternativo em uma explosão global.
“O perfume do rock é a rebeldia. Fazer barulho e irritar as pessoas. Se não tivesse isso, não teria aquela vontade de gritar no palco. Aí entra a guitarra distorcida, porque é uma manifestação dessa rebeldia. Se não existisse isso, o que sobraria?”, conclui Skeet.
“Como um cachorro na coleira pensando em fugir” - Trecho da música “Cachorros” de Barata Branca.
Caramba!!! Muito interessante aprender mais sobre o movimento underground. Fiquei super motivada a buscar mais conteúdos relacionados ao tema (você pode escrever mais sobre cofcof).
Muito interessante saber sobre esse assunto
Acho esse assunto super maneiro, juro. A cultura underground veio pra comunicar muita coisa importante, e o mais incrível é que produções de anos atrás também ecoam na sociedade até os dias de hoje.
Uau! Muito bom entender sobre o movimento underground e conhecer uma banda brasileira!! 🎼