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Trabalhar é um direito de quem ouve diferente

Para pessoas surdas, inclusão no trabalho começa com acessibilidade, respeito e comunicação sem barreiras


Inclusão da pessoa surda no ambiente corporativo fortalece equipes mais humanas, acessíveis e colaborativas | Foto: Getty Images/iStockphoto
Inclusão da pessoa surda no ambiente corporativo fortalece equipes mais humanas, acessíveis e colaborativas | Foto: Getty Images/iStockphoto

O mercado de trabalho vem se reinventando diariamente para garantir um clima organizacional mais saudável dentro das grandes empresas. Ao longo dos anos, pessoas com deficiência - sejam físicas ou cognitivas - têm buscado assegurar espaços de acolhimento em seus empregos, locais de estudo e na sociedade em geral. A inclusão dessas pessoas promove a diversidade social e contribui para uma verdadeira educação inclusiva, pois, para incluí-las de forma efetiva, os demais funcionários, estudantes e a população precisam se educar para que a comunicação seja compreensível para todos.

A Lei nº 13.146/2015, conhecida como Lei Brasileira de Inclusão (LBI) ou Estatuto da Pessoa com Deficiência, determina ações como a adaptação do ambiente, o uso de tecnologias assistivas e a capacitação de funcionários para promover, de fato, a inclusão no ambiente organizacional. No entanto, esse ainda é um tema delicado. Na maioria das vezes, pessoas com deficiência são destinadas a cargos de baixa complexidade e com pouca oportunidade de crescimento. Além disso, ainda há negligência na capacitação dos demais colaboradores quanto ao uso da Língua Brasileira de Sinais (Libras), o que dificulta significativamente a comunicação - sem contar os estereótipos e preconceitos que essas pessoas enfrentam diariamente.

Existem várias formas de melhorar a acessibilidade dessas pessoas. Uma delas é o uso de ferramentas de comunicação visual e a adaptação das estratégias de comunicação interna, permitindo que pessoas surdas tenham pleno acesso às informações necessárias para exercerem suas funções. Contar com consultorias especializadas em inclusão também é uma alternativa eficaz. Elas contribuem para uma abordagem mais completa e bem planejada, além de auxiliar gestores a compreenderem as limitações dos profissionais com deficiência auditiva, evitando injustiças e promovendo um ambiente mais justo.

A professora de inglês Julia Wollmer, que nasceu com 40% da audição no ouvido esquerdo e 45% no direito, trabalha na escola de idiomas Enjoy há dois anos e meio. Ela relata que se sente bem acolhida no ambiente de trabalho.

“Quando meu aparelho está funcionando, não tenho nenhum tipo de dificuldade. Porém, quando ele não está, aviso todo mundo que não estou ouvindo. Aí, eles se comunicam por mensagens comigo, pois fica mais fácil do que eu tentar ouvir”, conta.

Julia utiliza a linguagem de sinais apenas em casa, já que seus pais e irmão são completamente surdos.


Educação e acesso ao mercado de trabalho para surdos ainda são desafios, mas a lei de educação bilíngue pode contribuir para aumentar o número de professores surdos | Foto: Arquivo pessoal
Educação e acesso ao mercado de trabalho para surdos ainda são desafios, mas a lei de educação bilíngue pode contribuir para aumentar o número de professores surdos | Foto: Arquivo pessoal

A relação dela com os alunos também é muito positiva. Como todos já conhecem sua condição, há respeito e empatia. “Às vezes não entendo algumas perguntas, mas sempre chego mais perto quando eles vêm tirar dúvidas. Como eles sabem que sou surda, entendem a situação e me respeitam muito”, explica a professora.

Buscar informações sobre a realidade das pessoas com deficiência auditiva é uma forma poderosa de combater o preconceito e construir ambientes mais justos e acolhedores. Capacitar equipes de recrutamento e seleção para reconhecer talentos além da audição, facilitar a leitura labial, adaptar a comunicação por meio de mensagens de texto ou aplicativos acessíveis e, principalmente, abandonar atitudes capacitistas são passos fundamentais nesse processo. Ser surdo não significa saber menos - significa apenas enfrentar o mundo com um desafio a mais e, muitas vezes, com uma força ainda maior para superá-lo todos os dias.


Todo profissional pode e deve trabalhar pela inclusão de pessoas surdas na cultura organizacional | Foto: Arquivo pessoal
Todo profissional pode e deve trabalhar pela inclusão de pessoas surdas na cultura organizacional | Foto: Arquivo pessoal

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Produzido pelos acadêmicos do 5º período do curso de Jornalismo do Centro Universitário FAG, na disciplina de Webjornalismo, sob orientação do professor Alcemar Araújo.

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