Parar para seguir: o recomeço de quem escolheu continuar
- Amanda Dalla Costa
- há 3 dias
- 3 min de leitura
Ao salvar vidas com as mãos, Alessandra Slovinski, com 54 anos, descobriu que ir além é apenas parte do próximo amanhecer

Quando é a hora certa de parar? Será que esse “limite” tão mencionado por aí realmente existe? Quantos sonhos já foram deixados de lado pelo medo de não ser o momento ideal?
Mas... e se a pergunta fosse outra? Quando é a hora certa de recomeçar?
Existe, de fato, um tempo exato para isso? Muitas vezes, a vontade de tentar novamente esbarra em uma barreira invisível, porém poderosa: o medo.
Medo. Um sentimento que Alessandra Slovinski aprendeu a transformar em movimento. Para ela, não é obstáculo - é impulso. É o empurrão necessário para ir além e abraçar novos desafios.
Mãe, estudante de Enfermagem, mulher, dona de si. Aos 54 anos, quando muitos pensam em desacelerar, Alessandra escolheu uma nova aventura. Com um olhar sensível sobre o mundo e uma paixão evidente pelo que faz, ela traça um novo caminho. Seu próximo destino? Ajudar quem precisa. Afinal, com mais de três décadas de experiência, ela sabe o que é fazer a diferença.
Formada como técnica em Enfermagem, Alessandra tem o dom de cuidar. Sua bondade e generosidade são marcas registradas. Ela sente a dor junto com quem sofre — e conhece de perto os desafios da vida.
Durante todo esse tempo, esteve ao lado de quem amava. Nunca imaginou que algo pudesse mudar os planos de uma vida inteira - até perder o companheiro de todos os dias. O vazio que ficou a deixou à mercê dos próprios pensamentos. A mulher cheia de vida, naquele momento, só queria que os dias passassem depressa.
Mas foi no amor dos filhos que encontrou o ponto de partida para recomeçar - um recomeço que parecia improvável, mas chegou na hora exata.
“Foram meus filhos que me levaram para fazer a matrícula da faculdade, eles que me colocaram dentro de uma sala de aula novamente”, relembra, com um sorriso largo e cheio de significado.
E assim, um novo capítulo começou.
Alessandra não apenas salva vidas com as próprias mãos - ela ensina outros a fazerem o mesmo. Seu projeto “Salvando Vidas com as Mãos” é reflexo do que há de melhor nela: generosidade, partilha e transformação. Ela leva o conhecimento acumulado ao longo de décadas a quem precisa aprender - e está disposto a isso.
Recomeçar exige coragem. Para quem já enfrentou tantas batalhas, construir uma nova fase da vida não deveria ser desafio. Mas encarar uma sala de aula cheia de adolescentes pode ser intimidador.
“A falta de maturidade de algumas pessoas dentro da sala foi uma das dificuldades que enfrentei”, confessa.
Ali, naquele ambiente que já lhe foi familiar, ela se sentia como uma estranha. O que havia mudado? O tempo? A idade? Seria apenas mais um número? Nenhuma dessas questões foi capaz de pará-la.
Mãe. Fala com orgulho dos filhos, ambos enfermeiros - inspirados por sua trajetória. Cresceram em um lar onde o amor e o cuidado eram regra, e decidiram seguir os mesmos passos: ajudar, humanizar, transformar, como ela sempre fez.
Estudante de Enfermagem. Com novos projetos no papel, seu próximo destino é Pernambuco, no Nordeste do Brasil. Alessandra está à espera do diploma e, assim que o tiver em mãos, partirá para ensinar o que sabe fazer com maestria há mais de 30 anos.
Mulher. Como o coração que pulsa 100 vezes por minuto, sua força vem de dentro e se espalha. Persistente, acolhedora, dedicada - muitos têm mulheres inspiradoras por perto, mas para Alessandra, basta olhar no espelho.
Dona de si, e da própria história.
Ela é a prova viva de que recomeçar não tem idade, nem data marcada, nem manual.
Tem coragem.
Tem amor.
Tem entrega.
“É a melhor idade para começar uma faculdade. Temos muito conhecimento para compartilhar.”
Para Alessandra, o recomeço foi salvação. Uma aspiração para alcançar o inalcançável. Talvez seja isso o que os recomeços realmente são: convites silenciosos da vida para transformar dor em propósito, vazio em caminho, medo em combustível.
E Alessandra não apenas aceitou o convite - ela o acolheu com bravura.
Porque, no fim das contas, o tempo certo não existe. O que existe é a vontade ardente de fazer diferente, de continuar, de deixar uma marca. E isso, Alessandra faz todos os dias - com as mãos, com o coração e com a alma.
Recomeçar, para ela, não foi o fim de um ciclo.
Foi o início de uma nova missão: viver com mais sentido, amar com mais intensidade e ensinar que nunca é tarde para reacender o que um dia pareceu ter se apagado.
Ótimo texto, Amanda! Parabéns.
Nunca é tarde para recomeçar. Parabéns Amanda, ótimo texto! 👏👏
Texto muito bom!
👏🏻👏🏻👏🏻
Que lindo texto :)