Máscara da perfeição: a cultura do “skincare”
- Cláudia Resena da Silva
- há 2 dias
- 3 min de leitura
Perfeição não é algo que podemos alcançar, mas sim que já possuímos em nossa essência

Nos últimos anos, a cultura do skincare (cuidado com a pele, em inglês) tornou-se uma tendência global, com milhões de pessoas ao redor do mundo compartilhando sua rotina de cuidados com a pele, seus produtos favoritos e dicas de beleza nas redes sociais. Embora o autocuidado seja algo importante para a saúde e o bem-estar, é preciso se questionar se essa cultura não está se transformando em uma obsessão, indo além de manter uma aparência saudável.
Sérum, retinol, colágeno, peeling e ácido hialurônico são palavras que já se tornaram parte do vocabulário das pessoas. A demanda do mercado de skincare deu um salto recentemente, chegando a US$ 14,92 bilhões, segundo dados da Global Newswire. O Brasil está em quarto lugar entre os países em consumo de beleza.
Mesmo com o "boom" nos últimos anos, não é uma tendência que surgiu da noite para o dia. A vaidade humana é uma carência histórica. Desde a Antiguidade, homens e mulheres utilizavam pigmentos naturais para pintar e tatuar seus corpos. Egípcios usavam óleos essenciais para criar seus próprios cremes.
No entanto, a evolução dessa prática não foi constante, sofrendo muitas modificações até chegar ao que conhecemos hoje em dia. Durante a Idade Média, essa cultura foi abandonada, junto com quaisquer hábitos de higiene. Apenas retornou com o início das Cruzadas, no século XI, momento em que os produtos de cuidado pessoal passaram a ser incluídos nos hábitos da burguesia.
Voltando aos dias atuais
É inegável que o cuidado com a pele é um fator importante para o bem-estar e a autoestima. No entanto, a pressão para ter uma pele perfeita pode levar a uma obsessão disfarçada de autocuidado. De acordo com uma pesquisa realizada pela American Academy of Dermatology, 70% das mulheres americanas relatam sentir-se pressionadas a ter uma pele “perfeita”.
Comprar produtos, submeter-se a tratamentos excessivos, faz com que as pessoas gastem em grande quantidade, de forma desnecessária. Além disso, manter seu ideal de pele perfeita com base em influenciadores digitais cria expectativas irreais e leva a uma sensação de fracasso e inadequação, afetando a confiança e a autoestima das pessoas.
Mas será que as pessoas pesquisam o que é bom para sua pele antes de adquirir os produtos? Uma pesquisa realizada pela Mind Miners revelou os meios de informação que as pessoas utilizam para a aquisição de seus produtos:
Consultas com dermatologistas (28%)
Redes sociais (26%)
Conteúdo em sites e blogs especializados (26%)
Recomendações de marcas favoritas (24%)
Não buscam orientações (21%)
Na busca pela pele perfeita, os indivíduos esquecem de procurar o que realmente é necessário para si e sua saúde, olhando apenas para o melhor custo-benefício, melhores produtos e soluções, independentemente da origem, o que pode causar problemas. O uso indevido de certos produtos acaba por danificar a pele, provocando queimaduras ou hipersensibilidade.
É uma necessidade humana ter o autocuidado com a pele, porém, não podemos nos deixar levar pela pressão da sociedade e das redes sociais, que transformam, dia após dia, um meio de comparação e reforço do sentimento de que nunca é o suficiente.
Devemos deixar de lado a busca pela pele perfeita. Skincare não é somente sobre isso. Usar os produtos de forma correta e consciente pode trazer benefícios a longo prazo, claro, seguindo acompanhamento e as orientações de profissionais do ramo. Isso resulta não somente em uma boa aparência, como também ajuda na autoestima e na qualidade de vida.
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