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O uso do celular em sala de aula: recurso educacional ou obstáculo ao aprendizado?

Entre 2015 e 2024, a proporção de crianças de 6 a 8 anos com celular próprio quase dobrou, passando de 18% para 36%, segundo o Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação | Foto: Freepik
Entre 2015 e 2024, a proporção de crianças de 6 a 8 anos com celular próprio quase dobrou, passando de 18% para 36%, segundo o Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação | Foto: Freepik

Em janeiro de 2025, entrou em vigor a lei de nº 15.100/2025 que restringe o uso dos celulares nas escolas, com o objetivo de criar um ambiente mais favorável à aprendizagem ao diminuir as distrações provocadas pelo uso dos “smartphones”. Esta nova regulamentação surge devido à crescente discussão sobre o uso do aparelho celular na educação, que vem gerando grande preocupação entre os especialistas e os pais de crianças e adolescentes. Isso porque o uso indiscriminado desta ferramenta pela parcela da população que está em processo de formação ocasiona em diversos impactos negativos, como maior risco de ansiedade e depressão, além de prejuízos na memória, concentração, capacidade de aprendizagem, dentre outros aspectos. 

A utilização dos smartphones acarreta em distrações nas salas de aulas, porque possibilita o acesso de forma otimizada aos assuntos que não são relacionados ao aprendizado, como redes sociais, mensagens e jogos, que acabam prendendo a atenção dos alunos de forma mais envolvente que os conteúdos estudados. 

No ano de 2022, foi realizado o relatório do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa). A pesquisa evidenciou que cerca de 65% dos estudantes afirmaram que ficaram distraídos nas aulas de matemática, devido a utilização de celular e outros dispositivos, como tablets e laptops. No Brasil, esse percentual atingiu a marca de 80% dos estudantes, índice semelhante a outros países da América Latina, como Chile e Argentina. 

Quanto mais cedo o contato com os celulares na infância, maior é o risco de que essa parcela populacional tenha doenças psicológicas crônicas mais jovens, a exemplo de ansiedade e depressão. Isso se deve ao fato dessa exposição ser realizada de forma prematura e intensa, o que influencia diretamente no desenvolvimento emocional, fazendo com que as crianças tenham dificuldade na regulamentação emocional, na capacidade de interagir socialmente e lidar com a realidade fora do mundo virtual. 

A memória e a concentração das crianças e adolescentes também são afetadas pelo uso desenfreado dos telefones, devido ao processo de amadurecimento do cérebro. Os estímulos rápidos trazidos pelas telas fazem com que esse órgão seja treinado para se concentrar por pouco tempo, ocasionando em uma dificuldade maior de aprendizagem, visto que, para aprender, é necessário que tenha concentração por longos períodos. O efeito na memória ocorre porque os smartphones não permitem que o cérebro trabalhe para a obtenção de informações, desta forma a memória não é exercitada, tornando-se “preguiçosa” pela falta de estímulo. 

Porém, se utilizado de forma correta e controlada, o celular pode se tornar um aliado no momento do aprendizado. Ao integrar os smartphones, as salas de aulas promovem a aprendizagem ativa, onde os estudantes deixam de ser somente receptores das informações e se tornam participantes na construção do conhecimento. Além disso, a internet possibilita um acesso rápido às informações atualizadas, sendo algo beneficente para discussões sobre eventos atuais, pesquisas em desenvolvimento e na busca de recursos para aprofundar o aprendizado. 

Neste contexto, é importante destacar a educação midiática, no qual exerce a essencial função de ajudar os alunos a construírem habilidades de análise crítica em relação às informações encontradas no meio online, para que eles saibam averiguar se os dados e fatos expostos na internet são verdadeiros ou não.

Diante do exposto, é evidente que o uso descontrolado de celular faz com que a população mais jovem tenha consequências irreversíveis que afetam diversas áreas da vida, como as relações interpessoais e o aprendizado.

Sendo assim, a restrição do uso dos dispositivos nas escolas é uma medida para que as salas de aula voltem a ser um local de aprendizado e a tecnologia possa ser uma aliada no processo de ensino, sem comprometer a atenção e o desenvolvimento dos estudantes.

Assim, pode trazer benefícios e deixar os estudos mais instigantes para os alunos, pois os mesmos não terão estímulos externos interferindo durante as aulas, tornando possível o aprofundamento no conteúdo de forma conjunta e agregando experiências positivas. Mostra-se também a necessidade da família ser uma aliada neste processo, tendo um uso consciente dos celulares em casa, porque os limites sobre a utilização também devem vir dos lares. Consequentemente, a escola e o seio familiar podem ser aliados nesse controle, com o objetivo em comum de diminuir as consequências negativas para que esses jovens tenham um futuro mais saudável e saibam lidar com a realidade.


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Parabéns pelo texto.

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Produzido pelos acadêmicos do 5º período do curso de Jornalismo do Centro Universitário FAG, na disciplina de Webjornalismo, sob orientação do professor Alcemar Araújo.

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