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Muito além da visibilidade: representatividade das pessoas com deficiência na mídia

Não basta estar presente — precisam ser vistas com verdade, ouvidas com respeito e representadas com dignidade

Cada corpo carrega a própria história e juntos, escrevem uma nova página de representatividade, onde ninguém é deixado de fora | Crédito da foto: Reprodução / Agenda Capital
Cada corpo carrega a própria história e juntos, escrevem uma nova página de representatividade, onde ninguém é deixado de fora | Crédito da foto: Reprodução / Agenda Capital

A mídia faz parte do nosso cotidiano e ocupa um papel muito importante na formação de opiniões, na disseminação de informações e na construção de valores sociais. No entanto, quando analisamos como as pessoas com deficiência são representadas, percebemos que há uma grande diferença. A presença ou mesmo a falta dessas pessoas em filmes, jornais, programas de televisão e redes sociais não diz sobre a verdadeira representatividade, diversidade e, principalmente, inclusão. Na verdade, isso só nos mostra como a sociedade atual enxerga, compreende e inclui a deficiência no cotidiano. 


Infelizmente a luta pela inclusão não é de hoje — e não se resume a garantir espaço de fala ou presença física diante das câmeras — o verdadeiro desafio está em como essas pessoas estão sendo retratadas. Quando aparecem na televisão ou na mídia social, muitas vezes assumem papéis estereotipados como: heróis que “venceram a deficiência” ou “aprenderam a conviver com ela”, ou ainda, são colocadas em papel de vítimas para serem consoladas pelo público, gerando sentimento de pena. Esse tipo de abordagem, no entanto, apenas reforça estigmas e limita a complexidade das identidades dessas pessoas, que, como qualquer outro ser humano, possui desejos, talentos, histórias e opiniões. 


Fernando Fernandes: atleta, apresentador e comunicador. Ele mostra que pessoas com deficiência podem ocupar espaços diversos sem que sua deficiência seja o único foco de sua narrativa | Crédito da foto: Reprodução Rede Globo
Fernando Fernandes: atleta, apresentador e comunicador. Ele mostra que pessoas com deficiência podem ocupar espaços diversos sem que sua deficiência seja o único foco de sua narrativa | Crédito da foto: Reprodução Rede Globo

Dados levantados pelo site Iigual revelam que, no Brasil, mais de 45 milhões de pessoas têm algum tipo de deficiência — um número expressivo que contradiz a presença desses indivíduos em novelas, campanhas publicitárias, filmes ou programas de televisão. A falta de personagens com deficiência em papéis comuns contribui para a falsa ideia de que essas pessoas são exceções e não fazem parte ativa da nossa sociedade. Quando não se veem representadas nas telas ou nas narrativas midiáticas, acabam sendo invisibilizadas, o que pode impactar diretamente na autoestima, senso de pertencimento e oportunidades sociais.


Além disso, é preciso garantir acessibilidade na comunicação, pois representar também é tornar o conteúdo acessível: legendas de qualidade, audiodescrição, intérprete de Libras e narrativas que contemplem diferentes tipos de deficiência são recursos essenciais para ampliar o acesso à informação e ao entretenimento. Mídia acessível é mídia democrática e, mais do que cumprir uma obrigação legal, trata-se de um compromisso ético com a inclusão.


A ausência de pessoas com deficiência não se justifica por falta de talentos, mas sim por falta de iniciativa e compromisso das empresas e veículos. A mídia tem o enorme potencial para mudar a maneira como as pessoas com deficiência são vistas — inclusive por elas mesmas. É fundamental que as pessoas que estão à frente dos meios de comunicação entendam isso para que possam agir da forma correta. Promover uma mídia inclusiva exige rever estruturas, quebrar preconceitos e abrir espaços para narrativas reais. Isso fortalece o direito à representação e também contribui para uma sociedade mais empática, justa e diversa.


Essas mudanças devem ser urgentes. Representar não se limita a mostrar — é incluir com respeito, pluralidade e naturalidade. Apesar dos avanços em políticas públicas, campanhas de conscientização e algumas iniciativas do mercado, ainda há um longo caminho a percorrer. 


A representatividade de pessoas com deficiência na mídia precisa deixar de ser exceção e passar a ser regra. Que as histórias contadas na mídia possam abraçar todos os corpos, vozes e vivências. Assim conseguiremos construir um mundo em que a diversidade não seja apenas visível, mas verdadeiramente valorizada. 


A comunicação tem o poder de transformar realidades, então que a mídia seja referência quando se fala em inclusão social, que seja usada para mostrar que pessoas com deficiência existem, resistem e têm muito a dizer — não apenas quando se trata de deficiência, mas sobre suas vidas em toda sua complexidade. A verdadeira inclusão acontece quando a diferença deixa de ser o centro da história e passa a ser parte natural dela.


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Parabéns pelo texto.

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Produzido pelos acadêmicos do 5º período do curso de Jornalismo do Centro Universitário FAG, na disciplina de Webjornalismo, sob orientação do professor Alcemar Araújo.

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