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Foto do escritorThauana Marin

Em cada adereço, uma herança histórica

Além do quentão e da pipoca, o arraial junino nos presenteia com muita cultura. Uma crônica escrita por Thauana Marin

Em meio às fagulhas, pontas de agulhas, brilham estrelas de São João. Fogueira, bandeirinhas coloridas e quitutes que nos deixam com água na boca decoram o sexto mês do ano. Junho nos presenteia com danças típicas e, para retribuir a prenda, temos como obrigação nos vestirmos a altura.

Nas festas tradicionais, babados, xotes e xaxados animam o salão. Aliás, de babado os vestidos entendem. Além das várias camadas que proporcionam movimento e leveza à dama, diversas cores e o tão querido xadrez preenchem o traje, embelezado por fitas e laços. Mas, não sei se você sabe, embora esta celebração represente o Brasil, a vestimenta veio da Europa. 

Em uma rápida pesquisa, descobri que o arraial surgiu em Paris, capital francesa, por volta do século XVIII. Os camponeses da Inglaterra e Normandia também aproveitavam a festa. Nas trincheiras da alegria, o que explodia era o amor. E como alegria e amor são especialidades brasileiras, não demorou muito para que a festança viajasse até o novo mundo.

A corte real portuguesa importou a conhecida Festa Junina. Na época, a festividade era para gente rica. Porém, tornou-se popular entre os camponeses do Brasil, os quais, inspirados nos trajes europeus, vestiam suas melhores roupas. Segura as pontas, meu coração!

Viajando no tempo, também descobri que a Idade Média celebrava com grandes festas o fim das primeiras colheitas e o solstício de verão. Ardia aquela fogueira enquanto as pessoas dançavam e cantavam durante rituais. A Igreja Católica julgou a tradição como pagã, mas não sem antes incorporá-la em seu próprio calendário. Agora, as Festas Juninas celebram santos da religião: Santo Antônio, São João e São Pedro.

As tradições diferem, porém o significado dos trajes permanece o mesmo. Afinal, na primeira festa do interior, cada adereço importa!


Os homens do campo precisam do chapéu de palha para aguentar o sol quente. Além do trabalho árduo, bigodes e cavanhaques também representam a masculinidade. E os remendos na calça não ficam de fora - antigamente, quando a vestimenta ficava gasta, os tecidos deixavam a peça novinha em folha.

Para as mulheres, as danças animam a eterna noite, por isso usam anáguas embaixo das saias. Esse adereço propicia volume e dinamicidade à tradicional roupa colorida. Para mais, em outras épocas, a maquiagem forte chamava a atenção dos homens.

Além da vestimenta típica, atualmente a roupa sertaneja entrou na quadrilha. Camisa xadrez, calça jeans e botas fazem parte dos trajes masculinos e femininos. A indumentária sertaneja valoriza o interior brasileiro e relembra a essência junina: comemorar a colheita.

Depois de tanto prosear sobre a Festa Junina, aquele cheirinho de milho cozido, quentão e pipoca tomou conta. Aliás, já estou ouvindo o refrão da música “Festa do Interior”, cantada por Gal Costa. Peço licença, mas essa canção eu preciso dançar!

"Ardia aquela fogueira. Que me esquentava. A vida inteira, eterna noite. Sempre a primeira. Festa do interior", Festa do Interior - Gal Costa

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2 comentarios


rubiazamainomata
24 jun

Para mim, não pode faltar bolo de milho, cachorro quente e aquele cheiro de quentão na festa!!! Ah, e sempre festejar com roupas juninas!

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rubiazamainomata
24 jun

Essa crônica me levou às Festas Juninas do colégio!

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