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As dificuldades do jornalismo na polarização da política nacional

Atualizado: há 3 dias

O jornalismo passa por um período de desafio constante | Foto: Eraldo Peres/AP - Via: Revista Veja
O jornalismo passa por um período de desafio constante | Foto: Eraldo Peres/AP - Via: Revista Veja

Chegamos em um nível lastimável de divisão política. Ouso dizer, no meu ínfimo conhecimento histórico, que poucas vezes uma sociedade passou por tamanha divisão sem que uma guerra civil implodisse. Queria eu estar exagerando e que esse texto fosse algo satírico e cômico, mas a realidade que se mostra é essa. Ande na rua e veja com seus próprios olhos: pessoas preferem evitar usar uma cor ou outra para evitarem serem confundidas com o outro lado. Há lugares onde se mata apenas por apoiar uma causa ou levantar uma bandeira. No meio desse absurdo que vive a sociedade política brasileira, perguntamo-nos: Como chegamos a esse estado e como o jornalista é afetado por tudo isso?

Para entendermos todo o conceito por trás disso, é necessário entender mais sobre a democracia. Sim, eu sei que você já deve ter se cansado do uso desse termo que praticamente virou um mantra político (o que por si só já é lamentável).

Como defendem os autores Steven Levitsky e Daniel Ziblatt, “a democracia pressupõe o respeito às regras, reconhecimento da legitimidade dos adversários, tolerância e diálogo”. 

As normas que regem o convívio social sempre convergiram para que utilizássemos o meio democrático como alternativa ao uso de força. O mundo já conheceu outros caminhos à democracia e alguns utilizam desses até hoje. 

No entanto, a alternativa à democracia que conhecemos foi extremamente brutal e dolorosa, principalmente para a classe jornalística. Foram vários anos de luta que se transformaram em esperança com a Anistia Geral de 1979, garantindo a liberdade para os jornalistas perseguidos e torturados pelo regime que escravizou e dominou a classe por mais de 20 anos no país. Aqueles que sofreram e resistiram foram libertos, mas qual o custo disso? Se torturadores que aprisionaram os jornalistas até hoje nenhuma punição sofreram. E pior: seus descendentes até hoje recebem pensões milionárias pagas pelo Exército Brasileiro. Os anos passaram e, mesmo com a impunidade, continuamos fortes em nosso propósito. Mas, nos últimos anos, um elemento novo virou completamente a chave da história.

O âmbito democrático nos últimos anos foi absorvido pelas narrativas virtuais. Hoje em dia, você pode influenciar uma massa de pessoas com apenas um celular e um discurso inflamado. Desde a última década, não foram poucos os casos em que as redes decidiram pleitos importantes baseados em narrativas fantasiosas ou mentiras deslavadas. Afinal, pouco importa se aquilo é verdade. Desde que alcance um público maior que o “outro lado”, tudo é válido. Esse “Vale-Tudo” virtual deixa poucas brechas para o jornalismo profissional atuar, e nessas o mesmo é violentamente atacado.  Alinhado a isso, a imprensa sofreu um duro golpe com a crise de confiabilidade por parte de alguns grupos que antes a tinham como única fonte de informação. Vendo o vasto campo do digital, podendo escolher sua própria narrativa, essas comunidades começam a atacar a mídia tradicional, o sistema democrático e as instituições judiciárias, pondo em “cheque” o trabalho feito por estas.

O grande objetivo de grande parte dos líderes políticos é tentar manipular o que sai nos jornais. Não faltam casos em que, apenas por expor a verdade, jornalistas e profissionais da imprensa são barrados de exercer seu trabalho, ameaçados e até agredidos, seja verbal ou fisicamente. Apesar de tantos anos desses acontecimentos, a classe jornalística ainda é vítima do ódio. Segundo relatório publicado em 2024 pela Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ), um jornalista é agredido a cada dois dias e meio no Brasil. Não bastante esse cenário, o trabalho ainda é deslegitimado por pessoas que, no alto de seu conhecimento, condenam o que vai contra seus interesses, usando taxatividades como “profissionais parciais” e “lacradores”. E engana-se aquele que pensa que esse é um problema exclusivamente brasileiro.

Uma rede de ataque à liberdade de imprensa está instalada no mundo inteiro e todos os jornalistas estão sob sua mira. 

Os que ainda têm a coragem de escrever enfrentam enormes desafios para fazê-lo livremente. A autocensura ainda é um problema recorrente no dia a dia do jornalismo. Deixar de dar informações importantes por medo de represálias já ocorreu com vários profissionais pelo país inteiro. Seja pela linha-editorial do jornal, que não pode perder as gordas comissões pagas pela prefeitura, ou por receio de perder sua própria vida. Há campanhas gigantes que estão sendo financiadas com o único objetivo de desmoralizar um veículo de comunicação. 

Os trabalhos em relação à busca da melhora em relação a esse problema são relativamente novos, mas já devem ter urgência em sua aplicação. A educação midiática se faz cada dia mais necessária para que os veículos de imprensa tenham um futuro melhor. Os veículos de mídia estão, aos poucos, se adaptando ao novo modo de divulgação de informações e de compartilhamento das mesmas, resistindo as pressões impostas pelas bolhas digitais que caminham para tomarem o protagonismo das informações.



3 Comments


Importante tema parabéns pelo texto Kauã. 👏

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Produzido pelos acadêmicos do 5º período do curso de Jornalismo do Centro Universitário FAG, na disciplina de Webjornalismo, sob orientação do professor Alcemar Araújo.

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