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O peso invisível das redes sociais sobre a autoestima dos jovens

Atualizado: 21 de mai.

Plataformas digitais moldam a autoestima e o bem-estar emocional, trazendo impactos positivos e negativos que precisam ser debatidos


Na era dos corpos padronizados, o verdadeiro peso está na cobrança invisível que atravessa cada página lida | Foto: Joysse Bevilaqua Rodrigues/Abre Aspas
Na era dos corpos padronizados, o verdadeiro peso está na cobrança invisível que atravessa cada página lida | Foto: Joysse Bevilaqua Rodrigues/Abre Aspas

Nos últimos anos, as redes sociais deixaram de ser apenas espaços de lazer e entretenimento para se tornarem vitrines digitais onde a imagem passou a valer mais que a realidade. Instagram, TikTok, Twitter - todas essas plataformas passaram a influenciar diretamente a forma como os jovens se enxergam, se comportam e se relacionam consigo mesmos. Curtidas, comentários e seguidores viraram, para muitos, sinônimos de reconhecimento e valor pessoal. Mas a que custo?

Estamos diante de uma geração sobrecarregada por comparações constantes, cobranças estéticas irreais e uma ansiedade quase crônica por aceitação. A vida online, regida por filtros e métricas, tem impactado de forma profunda o bem-estar emocional dos adolescentes e jovens adultos.

Não se trata apenas de vaidade ou de vaivéns comportamentais passageiros - trata-se de uma crise silenciosa de saúde mental.

Um estudo realizado pelo Instituto Cactus, em parceria com a AtlasIntel, divulgado no Panorama da Saúde Mental 2024, revelou que 45% dos casos de ansiedade entre jovens de 15 a 29 anos estão diretamente relacionados ao uso intensivo das redes sociais. É um número alarmante, que revela como os algoritmos e a lógica da hiperexposição digital vêm moldando - e, em muitos casos, ferindo - a saúde emocional de toda uma geração.

Outro levantamento, publicado na Revista Científica Eletrônica de Ciências Aplicadas da FAIT, investigou a relação entre o uso das redes e a autoestima de adolescentes. A pesquisa concluiu que a exposição constante a padrões irreais de beleza, sucesso e felicidade artificial compromete a autoconfiança dos jovens e acirra os efeitos da comparação social. Afinal, como competir com uma versão idealizada da realidade?

O paradoxo é evidente: plataformas que prometiam democratizar vozes e conectar pessoas vêm se tornando campos de validação constante, em que a performance de uma vida perfeita passou a valer mais do que a vivência real, imperfeita - porém, autêntica. O resultado? Cansaço emocional, sentimento de inadequação, solidão e adoecimento psíquico.

Mas seria justo culpar apenas as redes sociais?

Seria importante abordagens críticas que não demonizam a tecnologia, mas que promovam um olhar mais consciente sobre o seu uso. As redes, quando bem utilizadas, podem sim ser espaços de acolhimento, informação e empoderamento. Existem comunidades digitais que oferecem suporte emocional, trocas positivas e caminhos de expressão legítimos para jovens em busca de pertencimento.

O problema, portanto, não está nas redes em si, mas em como elas vêm sendo usadas - e no quanto estamos (ou não) educando emocionalmente os jovens para esse ambiente. Falta mediação, falta escuta, falta diálogo. A escola ainda resiste em incluir de forma crítica a cultura digital em seus currículos. Famílias, muitas vezes, também se veem perdidas ou ausentes nesse processo. E as plataformas, por sua vez, priorizam o lucro da atenção contínua em detrimento do bem-estar de seus usuários.

É urgente promover uma cultura digital mais consciente. O uso saudável das redes deve ser discutido desde cedo, com foco na educação emocional, no desenvolvimento do senso crítico e na valorização do que é real - e não apenas do que é visualmente atrativo.

Precisamos falar mais sobre bem-estar do que sobre engajamento. Precisamos ensinar os jovens que felicidade não é um filtro nem um número de seguidores.

Para isso, são necessárias ações em diferentes frentes: campanhas educativas, fortalecimento dos vínculos familiares, incentivo ao tempo de qualidade fora das telas e, principalmente, o redesenho das próprias plataformas, com políticas que enfrentem a toxicidade algorítmica e que coloquem a saúde mental no centro do debate.

O impacto das redes sociais na autoestima dos jovens é real, profundo e urgente. Se quisermos formar uma geração emocionalmente saudável, precisamos começar agora. E isso só será possível se todos - usuários, educadores, desenvolvedores e sociedade - assumirmos a responsabilidade por essa transformação.

Mais do que “curtir”, é preciso cuidar.


10 Comments


Parabéns pelo texto, Joysse!

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👏👏👏

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Joysse, você entrega aqui um texto relevante, com abordagem crítica e responsável sobre um tema que atravessa a vida de toda uma geração. A escrita é clara, bem embasada e, ao mesmo tempo, sensível ao impacto emocional do assunto. Gostei muito da forma como você propõe caminhos possíveis, sem cair no discurso fácil da demonização da tecnologia. É jornalismo com consciência social, que provoca o leitor a pensar - e isso é essencial. Parabéns pela maturidade na análise e pela responsabilidade com a mensagem. Siga escrevendo com essa lucidez e propósito.

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Parabéns, Joysse, é um artigo muito necessário!!!

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Que artigo excelente! Parabéns Joysse.

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Produzido pelos acadêmicos do 5º período do curso de Jornalismo do Centro Universitário FAG, na disciplina de Webjornalismo, sob orientação do professor Alcemar Araújo.

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