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Homens também choram: o limite e silêncio imposto pelo o machismo

Atualizado: 17 de jun.

Quando a masculinidade exige força o tempo todo, sobra pouco espaço para o que é humano: a emoção | Foto: Marielly Grabner
Quando a masculinidade exige força o tempo todo, sobra pouco espaço para o que é humano: a emoção | Foto: Marielly Grabner

O machismo possui inúmeras definições: pode ser entendido como um sistema de crenças e comportamentos, uma forma de preconceito ou um conjunto de práticas. Independentemente da abordagem, é certo que o machismo nega a igualdade de direitos e deveres entre homens e mulheres, posicionando o gênero masculino como superior ao feminino. Trata-se de uma hierarquia socialmente imposta, que ao longo da história tem se manifestado de diferentes maneiras nas sociedades patriarcais, sempre em busca de justificativas para legitimar essa pretensa superioridade.

A expressão do machismo ocorre por meio de atitudes violentas, como assédio, objetificação, cobranças, invisibilidade, silenciamento e discriminação contra as mulheres. A população feminina é, inegavelmente, a principal vítima dessa ideologia. No entanto, os efeitos do machismo também atingem os homens, ainda que de forma diferente. Sobre eles, recaem normas rígidas sobre como devem se portar e qual seria a “forma correta” de viver em sociedade. Espera-se que estejam o tempo todo demonstrando força, coragem, dominação, poder de decisão e capacidade de prover - o que gera intensa pressão psicológica.

Os efeitos do machismo na vida dos homens podem ser observados em diversas esferas: na saúde mental, física, nos relacionamentos e na socialização. Esse conjunto de comportamentos é imposto desde a infância - por exemplo, quando se ensina que “chorar é coisa de menina”. Essa educação reprime emoções e sentimentos, ensinando aos meninos que demonstrar vulnerabilidade é sinal de fraqueza e que as mulheres são naturalmente inferiores por fazê-lo.

Como afirma Nana Queiroz, no livro Os meninos são a cura do machismo:

“Ninguém nasce insensível, ninguém nasce agressor, ninguém nasce estuprador - isso é, na verdade, o que o machismo quer que a gente pense sobre os homens. Que existe alguma natureza perversa que os rebaixa e os leva a agir irracionalmente”.

De acordo com o Ministério da Saúde, o suicídio é quase quatro vezes mais frequente entre homens jovens de 15 a 29 anos. Essa realidade está relacionada ao modo como a masculinidade é construída: exige-se que os homens sejam rígidos, frios e impassíveis, como se lhes fosse vetada, desde a concepção, qualquer forma de humanização. Isso resulta em grande resistência para desabafar ou buscar apoio psicológico e psiquiátrico. Assim, sentimentos como frustração, medo e tristeza são reprimidos, os sintomas depressivos permanecem sem tratamento e, em muitos casos, evoluem para comportamentos autolesivos ou até para o suicídio.

A dificuldade em falar sobre emoções também compromete a construção de relacionamentos saudáveis. Quando não conseguem expressar seus sentimentos, os homens podem gerar vínculos frágeis e desconectados, dificultando a resolução de conflitos. Sem compreender a raiz dos problemas ou dialogar sobre as necessidades envolvidas, muitos recorrem a comportamentos agressivos - físicos ou emocionais - como resposta, já que foram ensinados a agir dessa forma.

Além disso, segundo o Instituto Lado a Lado Pela Vida, 62% dos homens brasileiros só procuram atendimento médico quando os sintomas se tornam insuportáveis. Esse dado evidencia que o machismo compromete também a saúde física dos homens, pois muitos associam o cuidado com o corpo e o bem-estar à fragilidade - incompatível com a imagem de força que se espera deles.

Diante de tudo isso, é possível perceber que o machismo afeta a todos. Aos homens, impõe limitações à liberdade, à saúde emocional, aos sonhos e à construção da própria identidade. Às mulheres, se manifesta de maneira impiedosa, por meio da violência, desigualdade, silenciamento e invisibilidade.

É primordial desconstruir essas ideias ultrapassadas, carregadas de ódio e preconceito, para que cada pessoa possa trilhar seu próprio caminho com liberdade, empatia e dignidade. Só assim poderemos construir uma sociedade onde ninguém seja julgado com base em estereótipos ou expectativas que negam sua verdadeira essência.


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Produzido pelos acadêmicos do 5º período do curso de Jornalismo do Centro Universitário FAG, na disciplina de Webjornalismo, sob orientação do professor Alcemar Araújo.

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