Conheça histórias de amor e resistência por trás de cada letra da sigla. Uma coletânea de crônicas escrita por Maria Vitória de Oliveira e Jaqueline Alves
Como falar sobre amor? Por onde começar contando histórias de resiliências e resistências?
AMOR, do latim, amore, é definida como emoção ou sentimento que leva uma pessoa a desejar bem a outra pessoa ou a uma coisa. No vocabulário, no entanto, apresenta outros diversos significados. Bom, eu definiria como pluralidade.
RESILIÊNCIA, do latim, resilire, é definida como a capacidade de lidar com os próprios problemas, não ceder à pressão. Para mim, ser forte.
RESISTÊNCIA, do latim, resistentia, em outras palavras: ficar firme, aguentar. Na minha definição, não desistir.
Como falar sobre amor? Por onde começar contando histórias de resiliências e resistências?
Somente as minhas palavras jamais seriam suficientes para descrever todos esses significados. Por isso, encontrei em outras pessoas significados diversos de amor, resistência e resiliência.
1.1 Marcela (L)
Mulher que gosta de mulher
Que gosta do mel. Da carícia leve. Do toque profundo. Do cheiro de shampoo sobre os fios de cabelo pela manhã.
Gostar de mulher é uma fração. De tempo. De sentimento. É como sentar na varanda de casa e tomar um café bem passado com a sua mulher.
Mulher que gosta de mulher
Que gosta do cheiro da brisa leve. Do vento batendo na cara. Das bochechas rosadas que mostram vida.
Amar uma mulher é sentir-se à flor da pele. É interação de corpo e alma. É sentir adrenalina e dopamina em excesso.
É uma dança delicada e feroz. Um poema escrito nas entrelinhas da vida, um sopro de esperança em um mundo em desordem.
Mulher que gosta de mulher
Que celebra a vida. Que encontra em outra mulher a união de almas, que faz o universo inteiro suspirar.
Porque, no final, o amor da mulher que gosta de mulher é a prova de que a beleza reside nos detalhes, nas coisas singelas, nas gentilezas cotidianas. Um amor que toca a alma e a transforma para sempre.
Mas…
Ser uma mulher que gosta de mulher
É ser invalidada. Sexualizada. Menosprezada. É lidar com olhares de nojo, de desprezo. É ter que se esconder por medo de morrer, de ser agredida sexual ou violentamente.
É lidar com o machismo. É morrer por amar outra mulher. É ser chamada de homem se usar roupa mais larga e ter cabelo curto. É ouvir que “nem parece gostar de mulher”, se for mais feminina.
Ser uma mulher que gosta de mulher é ter medo de demonstrar afeto, carinho, amor pela companheira em público. É viver com medo de não estar viva no outro dia… por ser mulher e por gostar de mulher.
Ser uma mulher que gosta de mulher é um ato de coragem.
“Nossas histórias não são invisíveis, estão aí para serem contadas”. (Marcela Gomes)
1.2 Diego (G)
E se eu não fosse gay?
Como seria a vida sem o peso do julgamento? Talvez, os olhos dos outros me vissem com menos desconfiança, menos hostilidade. Talvez, eu não precisasse “me assumir” para a minha família. Não enfrentaria o medo de ser expulso de casa, de lidar com situações que desgastam até a alma. Não apanharia apenas por amar. Não morreria por isso.
E se eu não fosse gay?
As mãos dadas no parque seriam apenas mãos dadas, sem olhares de reprovação, sem medo de um ataque iminente. Meu amor, seria apenas amor, uma ternura simples e aceitável, sem a necessidade de explicação, sem o medo constante do toque, da violência, da demonstração de afeto. As portas abertas da família não seriam becos sem saída, onde cada visita é um duelo (quando se há visita).
E se eu não fosse gay?
A minha identidade seria um espelho liso, claro, sem rachaduras, sem o peso das etiquetas impostas, sem o fardo da luta diária. Talvez, as pessoas não me olhassem como se eu fosse sujo, como se eu carregasse uma doença invisível. Eu não teria que me esconder, não precisaria temer a reação alheia. Não lidaria com piadas cruéis, com constrangimentos públicos e privados.
E se eu não fosse gay? O que restaria de mim?
Talvez, a estrada fosse um pouco mais reta, menos sinuosa Mas, perderia as cores, a profundidade e a beleza que a diversidade traz. Eu não teria a poesia nas veias, a coragem que brota do peito em cada amanhecer. E se eu não fosse gay? Eu não seria eu. Não seria essa mistura de amor e compaixão que me define, que me torna humano.
E se eu não fosse gay?
Viveria infeliz para sempre, tentando me encaixar em um mundo que não foi feito para mim. Porque nesse mundo, eu vim para ser exatamente como sou. Eu não entenderia as sensações mágicas causadas ao entrelaçar os dedos com os de outro homem. Não saberia como é ter borboletas no estômago ao receber uma mensagem dele. Porque nada faria sentido se eu não fosse gay.
Ser gay é ser parte de uma história rica e vibrante. É ser inteiro, não uma mera parcela de um todo. É viver, amar com uma intensidade que desafia a compreensão comum. Ser gay é celebrar a verdade de quem sou, é amar com uma honestidade que transcende barreiras.
E se eu não fosse gay?
Eu não teria a força que a luta diária me deu. Não teria a resiliência que me faz levantar após cada queda. Não teria a compreensão do que significa ser humano, do que significa amar incondicionalmente.
Ser gay é mais do que uma orientação, é uma identidade, uma forma de ver e viver o mundo. É encontrar beleza nas pequenas coisas, é reconhecer a humanidade no outro, é ter a coragem de ser vulnerável em um mundo que, muitas vezes, não entende. É ter o coração aberto para a diversidade, é lutar por um amor que é, ao mesmo tempo, revolucionário e eterno.
E se eu não fosse gay?
Eu não seria eu, e a minha vida não teria o mesmo brilho, a mesma intensidade, a mesma profundidade. Porque ser gay é ser amor em sua forma mais pura e verdadeira. E isso, nada no mundo pode mudar.
“O amor gay é puro, não há nada mais lindo que isso”. (Diego Ramos)
1.3 Cecília (B)
Ser bissexual não é só uma fase!
Não, eu não gosto de homem hoje e mulher amanhã. Não, eu não amo 50% mulher e 50% homem. Não, eu não estou confusa com meus sentimentos. Não, eu não me “decepcionei com algum homem”.
Não, ser bissexual não é só uma fase. Não me limito a definições estreitas. Deixo fluir o desejo suave de mãos femininas e a firmeza de braços masculinos.
Porque ser bissexual não é só uma fase.
Ser bissexual é um amor que não se prende a rótulos ou padrões, que celebra a complexidade do amor em todas as suas formas. É ser livre para amar e nada mais. É não se encaixar em caixas estreitas, não se definir por linhas retas, mas se expandir em curvas suaves e sinuosas.
Ser bissexual é não buscar definições. É apenas viver sua verdade, desafiando expectativas e normas. Desbravar o mundo com a coragem de quem ama sem limites, com a liberdade de quem escolhe ser verdadeira. É a própria manifestação do amor livre, um testemunho de que a diversidade é a essência que enriquece a humanidade.
Porque ser bissexual não é só uma fase.
Ser bissexual é mergulhar fundo na própria identidade, em uma jornada de autodescoberta que desafia limites e convenções. É ser uma tela em branco onde o amor pinta suas mais belas cores, sem se restringir a simples porcentagens ou fórmulas. É ter, em cada gesto, uma expressão de liberdade; cada escolha, um ato de coragem em um mundo que tenta enquadrar.
Ser bissexual é ser um oásis de aceitação em um deserto de normas, uma declaração de que o amor não é encaixotado, ele flui livremente como um rio que encontra o percurso.
Porque ser bissexual não é só uma fase.
Ser bissexual não é estar confusa. Não é não saber escolher só um lado. Não é sobre não saber o que quer. Não é sobre ser lésbica não assumida ou heterossexual fetichista. É simplesmente por amar a pluralidade.
Não se trata de confusão, mas de clareza: a certeza de que o coração é amplo o suficiente para abraçar toda forma de amor. É romper com padrões estreitos, celebrando a diversidade como sua própria essência.
Porque ser bissexual não é só uma fase!
“O amor bisexual é o desejo de amar livremente”. (Cecília Muxfeldt)
1.4 Maya (T)
Sob o olhar de uma borboleta.
No silêncio das manhãs, eu a observava sempre. Contava no calendário cada dia de nossa história compartilhada e esperava ansiosamente para vê-la voar. Seus traços eram uma sinfonia de beleza, cada detalhe guardado com carinho em meu coração. Seu exterior, um casulo que protegia a preciosidade dentro dele.
Como um arco-íris após a chuva de verão, ela surgia. Pequena e delicada, mas eu já via crescer a promessa de sua transformação em algo grandioso e colorido. Entre todas, ela se destacava pela beleza única, crescendo forte, nutrida por um amor que ela talvez não soubesse, mas que um dia conheceria, profundo e verdadeiro.
Em um dia de tempestade, a vi renascer. Nada brilhava mais do que ela mesma. Radiante, perfeita, como uma borboleta recém-saída do casulo.
Sob o olhar de uma borboleta.
Ela trilhou seus caminhos como uma missão, com um brilho único que iluminava as passarelas da vida. Vi seu sorriso que refletia toda a jornada de amor e cuidado, desde o casulo até o palco de Miss Paraná Trans, onde sua alma, seu afeto e seu amor se revelaram em plenitude.
Ela não era apenas uma borboleta que seguiu seu ciclo. Era a personificação da beleza, da coragem, da verdade. Ela era linda, era ela mesma, um ser de luz que encontrou sua verdadeira essência.
Sob o olhar de uma borboleta.
Eu a via romper barreiras invisíveis, desafiando o mundo a reconhecer sua autenticidade. Era uma história de transformação e triunfo, um poema vivo de resiliência e amor. Ela é a borboleta que inspira, que encanta, que ensina ao mundo sobre a força do amor próprio. Em seu voo, ela carrega a coragem de ser quem é.
No início, ela era um mistério envolto em camadas de incertezas, uma crisálida esperando o momento certo para desabrochar. O mundo via apenas o casulo, mas eu, com olhos de uma borboleta, via além, via o potencial, via a essência. E assim, dia após dia, com paciência e ternura, acompanhava sua metamorfose.
Sob o olhar de uma borboleta.
Eu vi quando finalmente rompeu o casulo. Ela não apenas saiu, ela emergiu, com asas vibrantes de cores fortes, como ela. Cada batida de suas asas era uma declaração de liberdade, de autenticidade, de orgulho. Era como se cada passo na passarela fosse uma vitória pessoal e coletiva, uma celebração da identidade e da diversidade.
Naquele palco, como Miss Paraná Trans, ela não estava apenas competindo, ela estava vivendo sua verdade, inspirando outros a fazerem o mesmo. Seu sorriso refletia não apenas beleza, mas também resiliência.
Sob o olhar de uma borboleta.
Hoje, a vejo mais do que uma vencedora de concurso, mas como um símbolo de esperança para todos que lutam para encontrar e afirmar sua identidade.
Assim, enquanto ela voa, nós aprendemos com seu exemplo. Aprendemos que identidade não se limita a rótulos, que a transformação é um processo contínuo e que a aceitação é o caminho para a liberdade. Em seu voo gracioso, ela nos lembra de que todos podemos ser borboletas, capazes de renascer das dificuldades com ainda mais beleza e força. Pois, agora, sob o olhar de uma borboleta, eu vejo a como nunca vi.
Sob o olhar de uma borboleta, eu deixo-a se apresentar: Prazer, Maya.
“Ser uma mulher trans, para mim, é se libertar como uma borboleta que sai do casulo”. (Maya Fernandes)
1.5 Mariah (Q)
E quem não gosta da sensação de brilhar?
A primeira maquiagem e os aplausos despertaram em mim sensações inexplicáveis. Nesse momento, descobri que vim ao mundo para brilhar. Todo mundo gosta dessa sensação. Entre lenços, roupas extravagantes, lantejoulas e maquiagens, sou quem quiser. Um artista em cena.
Porque todo mundo gosta da sensação de brilhar.
Aquela sensação única de ser notada, de ser o foco dos olhares. Quando todos te observam, quando você se torna o centro das atenções. Nesse momento, nada mais importa, exceto você e sua luz.
Brilhar é se sentir vivo, é afirmar sua existência em um mundo que, muitas vezes, tenta te apagar. Como uma drag queen, eu não apenas desempenho um papel, eu reivindico meu espaço. E é nessa luz que encontro minha verdade. E foi nela que encontrei o que faz eu me sentir viva. Onde minha essência de uma boa leonina encontra espaço para se expandir, para brilhar e chamar atenção
Porque todo mundo gosta da sensação de brilhar.
Ser queer me permite brilhar da forma mais singela. A liberdade de ser quem eu quiser. Em cada apresentação, encontro um pedaço de mim, uma forma de viver minha verdade e tocar o âmago de quem assiste. Drag é mais do que uma performance, é uma expressão de alma, um manifesto de identidade e uma celebração da diversidade.
Ser drag queen é uma obra de arte viva, um protesto em cores e brilhos. Com uma apresentação não só para entreter, mas para educar e inspirar. É também ser político, usar o espaço para promover mudanças. Usar meu brilho para ofuscar o preconceito.
Nos saltos altos me ergo, mas não somente no palco, mas sobre o preconceito e a ignorância. Cada passo, uma afirmação da minha existência e de todas como eu.
Porque todo mundo gosta da sensação de brilhar.
Ser drag queen me permite transcender limites. Me permite extravasar as minhas emoções. Me permite brilhar e me permite ser arte.
“Ser drag queen é ser pura arte”. (Mariah Thompson)
1.6 Théo (I)
Essa nunca foi eu.
"Me sinto só, mas quem é que nunca se sentiu assim?" (CPM22 - Um Minuto Para O Fim Do Mundo)
Eu senti. Por muito tempo me senti como alguém que nunca esteve aqui. Procurando um caminho pra seguir, uma direção, respostas.
Cada passo pequeno é motivo para festejar, porque por diversas vezes me peguei pensando nas etapas as quais enfrentei para, enfim, me apresentar como de fato sou (e sempre fui).
Porque essa nunca fui eu.
As palavras já soam como repetitivas. O cansaço ao proferi-las instalou-se sem que eu percebesse. O grito em minha garganta parece estar no silencioso, mas o silêncio nunca foi uma opção. Desde pequeno, eu sentia o tempo correr contra mim. E me sentia em um lugar errado, que não me pertencia. As roupas justas, coloridas, cheias de frufru nunca fizeram parte de mim.
Porque essa nunca fui eu.
Aos poucos ajusta-se tudo aquilo que um dia foi confuso. Amar-se e entender a si mesmo desbrava o sentimento de coragem para ser quem é. Coragem para abrir-se e viver em paz.
Cada segundo conta, cada detalhe molda minha essência. E ‘meu eu’ é tão valioso quanto um diamante. Afinal, eu sempre estive aqui em um corpo errado, mas buscando uma direção, respostas. E agora eu estou aqui, porque me encontrei, nesse mesmo corpo, mas, agora, com um novo sentido e um novo significado para mim.
Porque essa nunca fui eu.
Na verdade, o ser dentro de mim esteve todo tempo abraçando a complexidade de ser inteiramente, intensamente, eu mesmo: Théo.
Descobri que minha jornada é ainda mais única do que eu imaginava. Ser intersexual é uma realidade que permeia cada fibra da minha existência. Aprendi a abraçar minhas características únicas, aquelas que me tornam uma obra de arte singular. Enfrentei perguntas difíceis, olhares curiosos e, até mesmo, ignorância. Mas cada obstáculo fortaleceu minha determinação em aceitar e celebrar quem sou.
Porque essa nunca fui eu.
Não é apenas sobre identidade de gênero, é sobre autenticidade, sobre reivindicar seu espaço no mundo com orgulho.
Théo, não apenas um nome, mas uma afirmação de minha existência completa e válida. Cada detalhe, cada peculiaridade é parte integrante de minha história, uma história que continuo a escrever com coragem e verdade.
Porque essa nunca fui eu.
E se algum dia alguém perguntar quem sou, direi com toda convicção: sou exatamente quem sempre fui destinado a ser.
“Muitas pessoas não conhecem a intersexualidade. A parte mais difícil é se aceitar e se entender e depois é ter coragem para se abrir e viver em paz”. (Theo da Silva Machado)
1.7 Juliana (A)
Eu não preciso do toque para amar.
Somos amor em diversas formas, uma poesia de simplicidade, com vários versos que conversam os mais belos diálogos, de fato a redefinição de amor, sem normas a serem seguidas. Uma alma assexual move-se em um ritmo diferente, sua própria melodia é tocada através do amor, um ritmo que dança nas mais belas pistas da vida. Uma conexão profunda que não necessita do toque, apenas o mar de sentimentos demonstra as mais belas ondas de afeto.
Eu não preciso do toque para amar.
Entre as páginas dos livros da vida, as mais belas histórias são contadas através das narrativas Uma história de amor argumentada da mais simples e única maneira: o sentir. Em meio aos rótulos do mundo, é criado da mais bela maneira o carinho que se é dado, vem de um lugar que não necessita dos desejos carnais para ser definido. Ser livre para ser quem é, que em meio às dúvidas terceirizadas, existe o claro sentimento: está sou eu em minha mais pura essência.
A assexualidade não trata-se da falta de emoções, mas, sim, de uma maneira diferente de amar. A atração não trata-se somente do corpo físico; o emocional é a porta para as mais sinceras paixões, o significado de amar passa a ser cada vez mais distinto e honesto.
Eu não preciso do toque para amar.
Uma alma assexual, serena e completa. Desafiando normas, redefinindo amor, que não é medido por toques e beijos, mas pelo encontro de almas genuínas. Uma prova viva de que o amor não conhece fronteiras. Ser assexual é uma celebração da diversidade. Uma expressão de uma humanidade rica e vasta.
O toque não define o que é sentir, o que é viver, o que é existir. O amor é mais que um ato, é a troca de almas, a profundidade de ser.
Eu não preciso do toque para amar.
“O amor é mais importante que qualquer outro sentimento. É a completude para todo o resto”. (Juliana Botassari)
1.8 Kaoana (P)
Um amor além do gênero.
Quando o amor se tornou tão abrangente que ao se falar dele não há apenas uma forma, uma maneira ou uma direção. A pansexualidade desbrava as barreiras de um amor estereotipado e, em seus olhos, vemos a promessa de um mundo sem fronteiras para o afeto.
Que sublime seria conhecer o amor dessa forma mais bela, onde o sentimento se vê presente de todas as formas. Sem limites, sem rótulos, com a pureza de um coração que reconhece a beleza na essência de cada ser.
Um amor além do gênero.
Precisaria de inúmeras palavras para descrever tamanho afeto e, mesmo que com as mais distintas, nada jamais poderia descrever tamanha beleza e autenticidade.
Saber que é possível amar múltiplas formas de beleza, encontrar a felicidade em diferentes tipos de conexões. Que é possível abrigar amores múltiplos e simultâneos, cada um com sua luz própria. Uma prova de que o amor verdadeiro é inclusivo, expansivo, um reflexo da infinita capacidade humana de amar.
Um amor além do gênero.
É a manifestação viva de que o amor pode ser tão vasto quanto o universo, tão profundo quanto o oceano. É um arco-íris de emoções, um farol que guia em direção a um mundo onde o amor é livre. Que mostra um amor sem fronteiras, sem limites, com toda a intensidade de um sentimento que é, acima de tudo, puro e universal.
Porque é um amor além do gênero.
É além do comum. Do básico. Do de sempre. É amor pelo humano, seja ele qual gênero for. Mas não significa ser promíscua, não ter critérios ou não saber escolher, mas sim saber amar sem limites, sem imposições, sem barreiras. Apenas saber sentir. É se sentir livre para amar quem quiser e como quiser. É se jogar para viver. Ter uma vivência mais fluida.
Porque o amor Pansexual é um amor além do gênero. “É um amor que acolhe”.
“O amor é aquilo que faz sentido pra você”. (Kaoana Sopelsa)
1.9 Matheus (N)
Não habito em rótulos.
Minha essência não cabe em um simples rótulo. Sou vasto, livre, multiplicidade. No meu peito, bate um coração que não conhece fronteiras. Um ser que não se encaixa em moldes rígidos, mas flui como um rio, moldando o próprio caminho. Mais que masculino ou feminino, sou uma expressão pura da humanidade.
Porque não habito em rótulos.
Em um universo infinito, gênero é apenas uma vasta extensão de possibilidades. Tenho uma voz, um canto harmonioso de múltiplas notas, que ecoa pelo ar, uma sinfonia de identidade. Como um artista que pinta fora das linhas, esboça uma vida sem fronteiras, sem rótulos, uma existência que celebra a complexidade e a beleza da diversidade.
Minha existência é uma celebração do diverso, uma homenagem ao infinito. Eu sou a fluidez em pessoa. A própria essência do que é ser humano. Não sou um ponto fixo, mas um movimento perpétuo. Uma dança entre luz e sombra. Uma jornada entre extremos.
Porque não habito em rótulos.
A cada batida do meu coração, um manifesto de autenticidade. Eu sou aquele que desafia as normas, que rasga as etiquetas, que rompe as barreiras.
Em mim, há um universo em expansão. Um cosmos de possibilidades. Minha identidade é uma constelação de experiências. Um mosaico de vivências. Um caleidoscópio de emoções.
Porque não habito em rótulos.
Não sou uma definição estática. Sou a própria metamorfose, A contínua transformação. Eu sou a maré que vai e vem. A brisa que sussurra segredos, O fogo que arde sem se consumir.
Me chame como quiser. Homem ou mulher. Me chame como quiser. Enquanto o mundo gira em uma órbita constante, eu me movo em meu próprio eixo.
Me chame como quiser. Eu sou mais que um nome. Mais que um rótulo. Mais que uma definição. Eu sou a poesia da existência, O verso que se recusa a rimar, A prosa que desafia a lógica, o texto que vive, respira e sente.
Porque não habito em rótulos.
“Essa identidade de gênero é muito vasta, muito rica. E ela é muito individual”. (Matheus Kubiaki)
Como falar sobre amor? Por onde terminar contando histórias de resiliências e resistências? Por onde terminar, não sei. Mas por onde começar, nove pessoas podem te mostrar.
Feliz Dia do Orgulho LGBTQIAPN+
Nota das autoras:
Queremos agradecer imensamente a confiança que cada um de vocês depositou em nós. Obrigada por compartilharem conosco a história de vocês e mostrarem o quanto o mundo é vasto e diverso. Vocês são exemplos a serem seguidos, de amor, resistência e resiliência. Vocês são a verdadeira pluralidade.
De Maria Vitoria De Oliveira e Jaqueline Alves.
Crônicas lindas que resumem tantas formas de amar. Parabéns pela escrita e por terem dado espaço à tantas vozes. 💙
As crônicas são lindas, tal como todas as formas de amor! Parabéns, Maria e Jaque... a sensibilidade e o talento com as palavras é admirável. Vcs arrasam! 💘
Me sinto imensamente grata por ter tido a oportunidade de conhecer cada detalhe sobre cada um de vocês, obrigada, obrigada e obrigada! ❤️
Que orgulho e satisfação poder ouvir cada história e escrever sobre elas. Permitir e dar espaço para que vozes possam ser ouvidas❤️ isso é lindo.