Desafios que permeiam as estações
- Hallis Novak
- 4 de mai.
- 3 min de leitura
Atualizado: 5 de mai.
Diante da mudança climática, Cláudia não deixa de lado a corrida - esporte que a cativou e inspira

As folhas começam a cair. A paisagem muda de cor. O verde vibrante das árvores dá lugar ao amarelo queimado – chegou o outono. A estação mais seca do ano traz consigo o alívio das altas temperaturas: a primeira frente fria. O sol ardente do verão, que se despediu pela última vez em 19 de março, agora nasce tímido, às seis da manhã do vigésimo dia do mês. A rotina muda também – especialmente para quem não para em nenhuma estação.
Há quem diga que os dias frios afastam as pessoas das atividades físicas. Mas, para a corredora amadora Cláudia Neis, que não abre mão da corridinha diária, o clima ameno é o seu preferido para a prática esportiva. A pressão arterial baixa, que costuma incomodar nos dias quentes, agradece a brisa fresca – e ela também. Enquanto o calor exige hidratação redobrada, atenção à alimentação e uma força quase hercúlea para vencer o cansaço, o frio só cobra coragem para sair da cama. Depois disso, tudo flui.
Para ela, a corrida, que começou apenas como uma atividade física, tornou-se terapia. Após a pandemia, o corpo de Cláudia estava habituado a hábitos sedentários: ganho de peso, má alimentação, músculos enfraquecidos. Quando retomou o hábito, por incentivo de uma amiga, nunca mais parou. Encontrou na corrida o descanso para os dias cheios. Em alguns momentos, deixa até o fone em casa – e a corrida vira mais do que movimento: vira escuta. Vira encontro com aquilo que o barulho da rotina tenta calar.
Correr no outono, para muitos, pode parecer como entrar em um rio gelado: o corpo reclama no início, o pulmão contrai, o nariz escorre, os dedos congelam. Mas depois o corpo se adapta e então… vem o silêncio. Um silêncio bom, que só quem vivencia uma das maravilhas da corrida é capaz de compreender.
Verão e primavera têm suas belezas, cheiros e cores únicas. Mas contemplar a paisagem não basta para vencer uma maratona. No calor, Cláudia reduz o ritmo: começa animada, mas o suor chega antes do esforço. Cada passo exige mais. O relógio de pulso dá mais voltas até o quilômetro final, e o que a mantém firme é a linha de chegada – onde a filha a espera, ansiosa.
Como quem nunca desiste, Cláudia corre. Porque não dá para esperar o clima perfeito para seguir em frente. Entre dias abafados, tardes frescas e madrugadas frias, ela se adapta. Vai cedo, antes da filha acordar. Vai à tarde, depois do expediente. Vai porque precisa. Vai porque quer. Vai porque aprendeu que a gente continua – mesmo quando nem tudo colabora.
Mas, se puder escolher, nas corridas mais desafiadoras, ela prefere o vento gelado no rosto, o casaco amarrotado saindo do guarda-roupa. E, se vier chuva, melhor ainda – o desafio está completo:
“Eu amo a chuva, apesar de ela trazer algumas dificuldades, como buracos no asfalto que ficam encobertos pela água, se for uma chuva torrencial. Mas a sensação de correr na chuva, para mim, é de liberdade e conquista”, descreve a atleta amadora.
Quanto maior o desafio, mais gratificante será a vitória. Que venham as próximas estações.

Adorei conhecer um pouco da história da Cláudia. Arrasou Hallis!
Que texto gostoso de ler, Hallis. História inspiradora da Cláudia.
Que lindo Hallis!
bela história contando um pouco sobre a trajetoria da Cláudia meus parabéns pelo texto Halis.
Muito bom!